Introdução
No contexto atual da globalização e os novos paradigmas de ciência, saber e cultura, conforme descrito por Sousa Santos (1989, 2001, 2006) e Bauman (1993, 1998, 2006), urge reconhecer a relevância de projetos voltados para a transferência de conhecimento e mobilidade social, conforme apontado por Appadurai (2000). Esta pesquisa preocupa-se justamente com esses aspectos de 'transferência de conhecimento e mobilidade social', voltando-se para o estreitamento de estudos entre a universidade e a educação básica, com o foco no ensino de línguas estrangeiras nas escolas públicas. A proposta preocupa-se em promover um caminho de mão-dupla entre a universidade, a educação básica e formação continuada de professores por meio de um projeto que investigue o conhecimento dominante nas configurações educativas locais referentes ao ensino de língua inglesa e a avaliação da adequação do mesmo aos locais em que se aplicam. Em função dessa avaliação, o projeto prevê a colaboração na reconstrução de planos que incluam soluções pedagógicas locais, tendo em vista as necessidades locais avaliadas, e tomando como base os dados do IDEB, seguindo os estudos sobre Novos Letramentos e Multiletramentos. O projeto imbui-se da premissa de que a reconstrução desses planos pode reverter em ações para a formação continuada de professores e decorrente melhoria nos índices de desenvolvimento da educação básica nas regiões focalizadas pelo trabalho proposto.
Como uma alternativa à visão convencional de educação, os estudos sobre os novos letramentos e os multiletramentos emergem da constatação de que apesar de os movimentos de alfabetização alcançarem índices gradualmente mais satisfatórios nas últimas décadas em vários países, incluindo-se os chamados emergentes, muitos dos alfabetizados apresentam as características do que é denominado como os “analfabetos funcionais” (LUKE & FREEBODY 1997). Nessa nova concepção de letramentos, Luke & Freebody (1997) ressaltam que dentro da compreensão do que é ler, por exemplo, o ensino de leitura deve comprometer-se com o ensino dos modos culturais de ver, descrever, explicar. Segundo esses autores, dos leitores exige-se compreender representações textuais, valores, ideologias, discursos, assumir posições, ter visão de mundo e, além disso, compreender que a leitura tem a ver com a distribuição de conhecimento e poder numa sociedade.
A proposta, portanto, concentra-se na revisão da noção de “educação-padrão”, compreendendo que o padrão representa um conhecimento que foi eleito para nortear, mas que deveria ser visto como um dentre as várias alternativas que podem ser seguidas. Essa nova noção não eliminaria o valor do que é padrão, mas contribuiria para relacioná-lo ou contextualizá-lo. Por essa razão, o projeto propõe a expansão da perspectiva educacional que permitiria a reconstrução do conhecimento local-global, do conhecimento relacional, e não de um relativismo, e da reflexão crítica sobre questões como heterogeneidade, diversidade, saberes, inclusão/exclusão, metodologias, novos materiais, novas mídias e tecnologias, novas epistemologias e crítica.
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